ALEKSANDR NEVSKY (DVD)

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Sinopse
Na primeira metade do século 13, o príncipe Aleksandr Nevsky evita o confronto com os tártaros que impunham pesados tributos às cidades russas e concentra os esforços na organização de um exército popular que derrota uma ameaça mais perigosa: os temíveis Cavaleiros Teutônicos, que pretendiam se apossar do território russo, submetê-lo ao Sacro Império Romano-Germânico e erradicar sua cultura. Rodado por Eisenstein, em 1937-38, o paralelo que o filme estabelece entre aqueles invasores e as hordas hitleristas que se preparavam para devastar a URSS é cem por cento intencional, mas nem por isso menos rigoroso do ponto de vista histórico. Com trilha musical de Serguey Prokofiev, “Aleksandr Nevsky” foi cuidadosamente restaurado pelo Mosfilm em 2015. 

Direção, Argumento Original e Roteiro: Serguey Eisenstein (1898-1948)
Serguey Mihailovitch Eisenstein nasceu em Riga, Letônia. Estudou arquitetura e engenharia no Instituto de Engenharia Civil de Petrogrado. Em 1918, alistou-se como voluntário no Exército Vermelho. Em 1920, ingressou no Proletkult, atuando como cenógrafo e figurinista. Em 1923, publicou na revista LEF o artigo A Montagem das Atrações, dando início a uma vasta produção teórica sobre a linguagem cinematográfica. Estreou no cinema realizando o clássico ”A Greve” (1924). Tornou-se mundialmente conhecido com “O Encouraçado Potemkin” (1925). Em seguida dirigiu “Outubro” (1927), “O Velho e o Novo” (1929), “Que Viva México!” (1931, inacabado), “O Prado de Bejin” (1935, inacabado), “Alexandre Nevsky” (1938), “Ivan o Terrível” (1944, 1945). Realizou também importante trabalho como professor do Instituto Estatal de Cinematografia (VGIK).
Boa parte de sua obra teórica se encontra reunida nos livros “A Forma do Filme” (1929), “O Sentido do Filme” (1942) e “Memórias Imorais” (autobiografia, 1946). Em “Aleksandr Nevsky, Eisenstein contou com o apoio de Pyotr Pavlenko, na construção do roteiro, e Dmitri Vassilyev no trabalho de direção.

Música Original: Serguey Prokofiev (1891-1953)
Serguey Sergueievitch Prokofiev nasceu em Donetsk, Ucrânia. Estudou piano e composição no Conservatório de São Petesburgo. Um dos compositores mais celebrados do século 20, escreveu sinfonias, concertos para piano, óperas, balés e trilhas para cinema. Entre suas obras mais executadas estão as óperas “O Amor das Três Laranjas” (1921) e “Guerra e Paz” (1943), o balé “Romeu e Julieta” (1936), a composição infantil “Pedro e o Lobo” (1936). Desde 1918, viveu nos Estados Unidos, França e em turnês pelo mundo, até retornar à União Soviética no início dos anos 30 e fixar residência em Moscou. Sua primeira trilha para cinema foi a de “Tenente Kije”, comédia realizada em 1934 por Aleksandr Feintsimmer. Em 1938, compôs para Serguey Eisenstein a música do grande épico “Aleksandr Nevsky”. Em 1944, repetiu a dose com a trilha de “Ivan, o Terrível”. Sob direção do cineasta russo Aleksndr Rou, seu balé “Cinderela” foi para as telas em 1960.
A música de Prokofiev está presente em mais de uma centena filmes, mesmo sem terem sido compostas especificamente para eles. Os exemplos vão desde “Calígula”, realizado em 1979 por Tinto Brass, a “10 Dias Que Abalaram o México”, de Peter Greenway (2015), passando por vários episódios da série “Os Simpsons”.

Prokofiev por Eisenstein
Por mais ridículo que possa parecer em face de meus outros camaradas, com “Aleksandr Nevsky” eu fazia a minha estreia no filme sonoro. Como eu gostaria de aproveitar para experimentar em paz, sistematicamente, tudo o que eu tinha armazenado em matéria de ideias e desejos depois de anos em que eu sonhava com o filme sonoro! O canhoneio do lago Hassan dissipa esses sonhos idílicos. Mordendo os dedos de raiva porque o filme não terminava, impedindo que o atirássemos como uma granada ao rosto do agressor, a equipe redobra de ardor em silêncio e o prazo impossível de término, dia sete de novembro, começa a repercutir em nossa consciência como realidade. Confesso que, até o último dia, vivi com a ideia: “É impossível terminar o filme no dia sete de novembro, mas vamos terminar”.
Com essa finalidade enfrentamos os mais pesados sacrifícios, ficamos prontos a renunciar a tudo o que nos havia seduzido no princípio da combinação luz-som. Num prazo tão rápido, parecia inconcebível chegar a fundir organicamente a música com a imagem, a descobrir e a resolver a maravilhosa sincronização interna das formas visuais e auditivas, isto é, realizar aquilo em que reside, no fundo, todo o segredo da ação combinada luz-som. Precisávamos de tempo, de reflexão, de duas, três, vinte montagens. Como chegaria a música a se deixar fecundar pela imagem? Como ou, mais exatamente, quando chegaríamos a conseguir fundir aqueles dois elementos num só bloco?
Foi aí que o mestre feiticeiro Serguey Prokofiev acorreu em nosso auxílio.
Quando este fabuloso musicista encontrou tempo para refletir sobre o espírito da obra, para compreender num simples esboço de montagem toda a lógica interna de uma cena, para repeti-la em termos de música, para traduzi-la numa orquestração prodigiosa e, durante as horas passadas no estúdio de gravação com Volski, o engenheiro de som, e Bogdankevitch, o operador, para harmonizar o método de gravação através de diversos microfones de uma maneira que até então não tinha sido feita entre nós?
Os prazos eram contados, mas podíamos dar-nos a todos os luxos: em toda passagem-chave, a combinação luz-som era elevada a um ponto tal que não teria sido possível obter em prazo três vezes maior. Deve-se isso a Serguey Prokofiev que une a um talento brilhante um incrível brio profissional e o dom de realizar trabalho-relâmpago.
(Extraído do artigo de Eisenstein “Patriotismo, Meu Tema”- editado em 1939).

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